24 de junho de 2012

Boates GLS se negam a participar da Parada Gay em Fortaleza


A realização da 13ª Parada pela Diversidade Sexual no Ceará, conhecida como Parada Gay, que acontece neste domingo, 24, está causando divergências entre os organizadores do evento e boates GLS, que se negaram a participar do evento. A polêmica foi gerada devido ao fato de que algumas casas noturnas foram impossibilitadas de colocar trios elétricos na avenida Beira Mar, que recebe a festa.
A proprietária da boate Meet Music & Loung, Paula Roberta, divulgou nota lamentando o ocorrido, pois seria o quinto ano com trio na avenida. A boate procurou o Grupo de Resistência Asa Branca (Grab), que organiza o evento, e foi informada de que o prazo para apresentar documentação já havia acabado. A assessoria de imprensa da Meet informou ao O POVO Online que o Grab não teria formalizado prazo para que a participação fosse formalizada.
A Meet reconheceu que procurou o Grab poucos dias antes do evento, mas que isso aconteceu porque não havia certeza se a boate iria participar. Para o estabelecimento, houve desorganização por parte da ONG, que não teria enviado a programação do evento. Ainda segundo a assessoria da Meet, o Grab demonstrou “má vontade” para receber a documentação.
A boate Music Box também divulgou uma nota de pronunciamento sobre o caso. A empresa reconheceu que a burocracia em torno do evento é necessária, mas “excesso inviabiliza os investimentos”.
O estabelecimento divulgou que os custos para se colocar um trio na avenida é de cerca de R$ 20 mil, se somados aluguel de trio, combustível, ornamentação, equipamentos específicos de som e iluminação, contratação de seguranças, DJs, técnicos de som, além de todas as taxas e licenças necessárias.
Justificativa
Em contato com a redação do O POVO Online, o diretor do Grab, Adriano Caetano, disse que desde quando o evento é organizado, os estabelecimentos comerciais GLS são convidados a participar. Porém, neste ano a intenção era que não houvesse grande adesão do público de boates. “Há um incentivo para o evento ser mais politizado e com militantes trazendo para a avenida o que está em debate”, justificou.

Além disso, de acordo com Adriano, algumas casas noturnas procuraram a organização com atraso, e, por isso, não foi possível inserir os trios elétricos no evento. “Foi solicitado que os trios estivessem todos confirmados no dia 12 de junho. A Meet só nos procurou nesta segunda-feira (20)”, explicou Adriano.
Segundo Adriano, a participação deve ser informada com antecedência, já que a ONG tem de apresentar toda a programação e nomes dos trios participantes para o Comando da Polícia Militar e Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania de Fortaleza (AMC).
Cinco trios estão confirmados para entrar na avenida, sendo o trio oficial do Grab, do Movimento de Travestis e Transexuais, da Coordenadoria da Diversidade Sexual da Prefeitura de Fortaleza, da Coordenadoria Estadual LGBT (do Governo do Estado) e do Concurso Garota G. 
(Jornal O Povo - Jéssika Sisnando)
Em termos de repercussão, o texto publicado no início da noite de ontem foi de grande sucesso (leia aqui). Poucos minutos antes, Diego Baez, que assina como relações-públicas da Meet, se manifestou via comentário no próprio post. Para Baez, “a Parada tem um dono, sim, e se chama GRAB. Eles determinam toda a programação sem consultar a sociedade civil e determinam quem entra ou não na Parada”. E polemiza: “Eles [do GRAB] dizem que as boates são capitalistas e não estão preocupadas com a ´política´ que é feita no evento”.
Para Diego Baez, o Grupo de Resistência Asa Branca (GRAB), organizador da Parada pela Diversidade Sexual do Ceará, popularmente chamada de Parada Gay, coloca “vários empecilhos” para que os empresários se façam representados no evento. “Eu já participei de algumas reuniões da Parada e elas são apenas informativas. Não existe uma construção coletiva, nem existe interesse do GRAB nisso”. E continua: “Vale ressaltar também que as boates NUNCA foram bem vindas pela instituição”.
Em seu perfil no Facebook, a empresária Paula Roberta escreveu no início da tarde desta quinta-feira um comunicado. E começa em tom funesto: “Com muito pesar anunciamos oficialmente que não vamos colocar o trio na Parada esse ano”. E explica: “Quando tivemos a notícia de que nenhuma boate estava pensando em colocar o trio, avaliamos o retorno desse investimento e pesamos as razões para por e não por o trio. Na última semana, resolvemos colocar”.
“Ao chegar no GRAB, o nosso querido funcionário Leonardo Bruno foi informado que o ´prazo esgotou´, ´não dava mais tempo´. Tentamos falar com algumas pessoas politicamente importantes que nos orientaram a última tentativa. Ué, mas de que prazo nós estamos falando? A Parada só acontece domingo e a parte burocrática pode PERFEITAMENTE ser feita em 1 dia. Ok, nós não cumprimos esse tal prazo, que comumente, é de 2 semanas antes do evento. Não estou responsabilizndo NINGUÉM”, escreveu a empresária.
Tiago Fasano, via Level Club, informou que também foi impedido pelo GRAB de participar da Parada. Mas não era exatamente um trio. “Até tentamos fazer algo diferente pra Parada. A Level iria fazer um bloco popular com uma Bateria do Pré-Carnaval de Fortaleza. Infelizmente a organização da Parada não permitiu uma simples corda de isolamento para os músicos, o que era pedido em contrato e se faz bastante coerente”.
Aluísio Neto, promoter da Unique e sócio do Music Box Club, também comentou:“Brilhantes as palavras do colega Diego Baez, mas muitos outros fatores poderão ser acrescentados. Caberia um direito de resposta de cada um dos profissionais da noite às suas afirmações, concorda? Há muito que ser avaliado e explicado sobre este assunto!!!”. Quando colocado à disposição para dar a sua versão, ele respondeu: “Faremos nossa retratação perante o público”.
A repercussão mais contundente foi bem sucinta, e veio lá de Recife. Por meio do Twitter, Maria do Céu, empresária e promoter da Metrópole Club, maior boate mix da capital pernambucana (e única por muito tempo), disse: “Em Recife, além de trio, o Clube Metrópole há oito anos patrocina a Parada”. Também da Veneza brasileira veio outra crítica: “Estou abismado com tamanha falta de comprometimento das inúmeras boates e pubs de Fortaleza de não participarem. (…) na hora de apoiar o propósito do qual tanto lucram, apenas viram as costas ###indignação!”. As palavras são de Emerson Barros, DJ e promoter da boate recém inaugurada, Made In Recife.
Em poucas horas, o texto já havia tido mais de 150 “curtidas” pelo Facebook, vários RTs no Twitter e uma repercussão impossível de ser medida em conversas e nas demais redes sociais. A exorbitante maioria teceu elogios à forma com que nós levantamos tal discussão. “Eu gostei do texto. Acho que são os mesmos argumentos e perguntas que todos devem se fazer”, disse o leitor Fabiano Brilhante. “Expressar opinião jamais é irresponsabilidade”, escreveu Julio Filho. “Para nós, a busca incansável é por uma mídia que não trabalhe com verdades absolutas, mas que faça o público pensar”, ressaltou Thiago Marinho,jornalista-responsável pelo ZONAMiX.
ZONAMiX entrou em contato com o GRAB agora a pouco. Nem o Presidente, Francisco Pedrosa, nem os diretores, Dediane Sousa e Adriano Caetano foram encontrados para comentar. Segundo a funcionária que atendeu ao telefonema, os três estavam, naquele momento, participando do Seminário sobre Homofobia (leia aqui) e não poderiam comentar o assunto naquele momento.
Mantemos aqui o nosso princípio básico, que é o da informação com qualidade. Nosso compromisso continua firme, talvez até mais firme do que ontem. Nós escrevemos para os milhares zonautas que acessam diariamente o nosso conteúdo, curtem, comentam e também criticam. Nosso compromisso é com o leitor, acima de tudo.


Nós do GRAB vimos esclarecer que a construção da organização da Parada ocorre de forma coletiva, sendo coordenada pelo GRAB, e tendo a parceria de outras organizações do movimento social LGBT, poderes públicos, e também de boates dirigidas a esse público.
É de conhecimento público que desde 1999, ou seja, há 14 anos, o GRAB realiza a Parada sempre no último domingo do mês de junho, alusiva ao dia do Orgulho LGBT (28 de Junho).
As reuniões gerais de organização da XIII Parada iniciaram-se em 29.5 (foram realizadas quatro reuniões), tendo todas as boates sido convidadas a estarem presentes, inclusive a boate Meet, que foi convidada, em contatos telefônicos, e não compareceu a nenhuma reunião.
A inscrição de trios elétricos na Parada é um processo que requer atenção e cuidados por parte do GRAB e parceiros, no que se refere à segurança, autorizações públicas (Corpo de Bombeiros, CREA, etc.), daí estabelecermos um prazo para a inscrição prévia dos trios, que este ano foi prorrogado até o dia 15 de junho/12, para facilitar o encaminhamento da documentação. Até essa data nenhuma boate inscreveu seu trio e nem nos procurou. A referida boate, citada acima, se dirigiu à sede do GRAB 04 (quatro) dias úteis antes da Parada, o que inviabilizou qualquer encaminhamento minimamente organizado.


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Espero que independente da participação em trio,as boates acima citadas compareçam  hoje ao evento já que fazem parte do ativismo LGBT lutando pelo direito de todos e contra o preconceito.


Beijos coloridos com purpurina  ;* 
Roberta Sâmya.



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